Esse post pretende abordar as principais diferenças entre a universidades no Brasil e aqui, e contar um pouquinho de como é a experiência em si, o que precisa, quanto custa e por ai vai!
Os italianos estudam, entre escola primária, secundária e superior, um total de 13 anos. Para estudantes de fora “se igualarem” aos italianos é preciso ter feito pelo menos 12 anos de estudo antes de entrar numa universidade italiana.
Ou seja, se você estudou até o ensino médio no Brasil, ainda não está apto a entrar na universidade aqui. Porém, já tiver feito, e sido aprovado claro, 1 ano de faculdade no Brasil, pode tentar fazer um curso aqui sim!
As universidades tem cursos de número aberto (aperto) e fechado (chiuso). Os que são de número fechado normalmente tem uma prova de admissão que pode ser desde um teste mesmo até uma entrevista, ou ambos.
Aqui é normal ter provas orais, então é normal a avaliação ser ali, no frente-a-frente.
Começando pelos cursos, que são estruturados de 2 formas:
Cursos de ciclo único (que normalmente duram 5 anos) e são, por exemplo, os cursos de medicina, engenharia, arquitetura e direito.
ou
Cursos trienais + cursos bienais (que somam 5 anos = 3 anos + 2 anos) onde nos 3 primeiros você faz uma curso base, como jornalismo, e depois decide qual área irá se especializar, como fotografia.
No meu caso foi o seguinte:
Eu que estudei no Brasil, consegui fazer o curso bienal (segunda parte, após o curso trienal), porque já havia feito a graduação, que junto aos meus anos de estudos de escola regular, somavam o número de anos necessários, exemplificando:
11 anos de escola regular (ensino fundamental + ensino médio) + 4 anos de graduação = 12 anos de escola regular italiana + laurea de 3 anos (triennale)
Sendo assim, é possível fazer a laurea specialistica/magistrale aqui, que de um modo geral, seria equivalente a um mestrado, pois a estrutura do curso conta com a entrega de uma tese para a conclusão! Mas voltando pros documentos:
E quais documentos eu preciso para tentar fazer uma universidade na Itália?
Depois de ter certeza que a soma dos seus anos de estudo deu certo (pelo menos 12 anos), então você precisa até o consulado e fazer sua declaração de valor! O link leva para a página do consulado de São Paulo 🙂
Para fazê-la, terá que preencher um requerimento e junto dele levar todos os seus históricos escolares, diplomas, traduzidos e apostilados. O consulado vai avaliar e fazer uma carta, “dizendo que você já estudou tudo o que já estudou” e é apto a fazer um curso superior aqui na Itália.
Precisa ser italiano para fazer isso? Não, qualquer pessoa que tenha o interesse pode fazer, com a dica máxima de que, se você já estiver inscrito em uma prova de admissão aqui, o consulado não cobra nenhuma taxa para fazer a declaração.
E como que faz pra se inscrever num curso, ou mesmo tentar fazer um teste de admissão?
O ano letivo começa em setembro, então normalmente as inscrições para os cursos são no primeiro semestre do ano (de fevereiro a junho). Eu fiz a inscrição pelo site da própria universidade e a taxa para participar do exame de admissão foi 35 euros, onde poderia tentar até 2 cursos.
Uma grande diferença SUPER IMPORTANTE: as universidades italianas são pagas, mesmo as públicas.
É pessoal, aqui é assim e você deve estar se perguntando: mas gente, como o pessoal faz? Todo mundo tem dinheiro pra pagar?
Mais ou menos, eu diria! Aqui você paga de acordo com o que ganha. Sendo assim, um dos documentos que você precisa apresentar para fazer sua inscrição – após ter sido aceito – é chamado ISEE. Esse documento é como se fosse o nosso imposto de renda pessoa física, e dele se resulta um número – faixa correspondente. Você pagará a universidade baseada na sua faixa, de acordo com os rendimentos da sua família divididos pela quantidade de membros familiares.
Mas eu sou italiana e não tenho esse documento! E agora? E brasileiro então, como faz?
Calma! As universidades aqui tem uma taxa (que costuma ser bem mais alta do que a maioria das pessoas pagam) para os que não possuem esse documento. Mas em teoria é possível fazer um documento parecido chamado ISEEU para todos os que não são residentes na Itália, independente da nacionalidade, e calcular a taxa a partir dele!
E vamos pros valores: de modo geral as taxas (calculadas) estão entre 200 e 5500 euros por ano.
Vou deixar esse link aqui abaixo, pra vocês verem. Esse é a taxa máxima que se pode pagar na UNIBO (Universidade de Bologna). Lembrando que uma porcentagem muito pequena dos alunos realmente pagam isso.
Pela tabela, por exemplo, a taxa máxima do curso de engenharia civil é de 3250 euros por ano.
É comum que nas capitais das províncias italianas exista uma universidade pública. Existem universidades particulares aqui também, que pelo que vi, tem taxas maiores e “um contato mais próximo” com o mercado de trabalho.
Pelo que conversei com as pessoas daqui, essas sim são para pessoas que tem um nível financeiro elevado, ou que querem estudar cursos específicos, raros nas públicas.
A Itália é um dos países que oferece o ensino superior com custos mais acessíveis em relação aos outros países europeus, com a vantagem de que se formando aqui, é possível se trabalhar em outros países europeus facilmente.
Além disso, e não menos importante, é necessário ter um bom nível do idioma, claro!, e algumas universidades exigem provas oficiais de nível B2 ou C1. Porém existem muitos cursos são oferecidos em inglês! E ai facilita o acesso de quem não está “parlando” muito ainda, apesar de que morar na Itália sem falar/tentar aprender italiano vai limitar um pouco a vida aqui, então é bom treinar o italiano também! Olha a dica 🙂